22 novembro 2011

GLOW Eindhoven

Eindhoven tem uma ligação muito grande com a luz elétrica. Digamos que só é o que é por causa da lâmpada. Em 1891, era uma cidadezinha com cerca de 7 mil habitantes, quando foi fundada a primeira fábrica da Philips na cidade, destinada a fabricar lâmpadas elétricas. Em poucos anos, multiplicou de tamanho várias vezes pra se tornar um dos principais pólos tecnológicos do norte da Europa.

Nada mais natural que haver aqui um festival dedicado à luz! Todo ano realiza-se o Glow Eindhoven (http://www.gloweindhoven.nl/) onde dezenas de obras são espalhadas pela cidade, todas feitas com luzes em projeções. Hordas de turistas da região com suas câmeras e tripés invadem a cidade para observar essas obras, gratuitamente.

Seguem as fotos e até um vídeo do que vimos na noite fria de Eindhoven. Enjoy!

Cúpula de luz na frente da estação de trem, ponto de partida do Glow.

Reflexo no prédio da Estação Central de Eindhoven

Estátua de Anton Philips, dentro da Cúpula

Detalhes de como a Cúpula foi feita

Estrutura na Praça Central com desenhos feitos pelas crianças de Eindhoven

Projeção no prédio da Prefeitura

Ainda no prédio da Prefeitura

Prédio do Van Abbe Museum, simulava uma árvore

Os contornos em escuro eram pintados na parede e ele era colorido por luzes de diversas formas e cores.

Túnel sob a linha do trem, com ultravioleta pra iluminar os corações...

Um dos prédios da Universidade de Tecnologia de Eindhoven (TU/e). Era "pintado" em várias cores.

Mais uma obra no meio da Universidade.

Esse era bem legal. Nessa caixa, uma Bobina de Tesla produzia raios e cada raio fazia um som diferente. Assim, dava pra tocar música com os raios. No vídeo abaixo, você vai entender.

Pena que perdi a hora que tocou a música do Star Wars.

É isso... Eindhoven também tem suas atrações!!!


16 novembro 2011

As Luzes do Norte

FAQ da expedição do AGente Laranja para conferir a  Aurora Boreal, aquilo que os ingleses chamam de Northern Lights:


1- O que é essa bagaça?

- Sem entrar em maiores detalhes técnicos, pois nenhum de nós é botânico, é o choque de partículas de vento solar com o campo magnético da Terra. Como nos pólos este campo está mais próximo do solo, coincidindo com a ionosfera, o choque de partículas causa os efeitos óticos. Normalmente vem em formas de arcos ou de cortinas e a cor mais comum é o verde. Se a tempestade solar for forte o suficiente, teremos tons de rosa e vermelho. Dependendo da concentração maior de nitrogênio, pode-se observá-la em violeta e azul, sendo essa última cor, a mais rara de todas.

 Vimos quase tudo em verde e um pouco de rosa, às vezes.

2- O que precisa para poder observar a Aurora?

- Precisa haver uma conjunção de 3 fatores óbvios:
Primeira coisa, precisa estar escuro, quanto mais, melhor, de forma que sempre é bom fugir das luzes da cidade.
Segundo, o céu precisa estar limpo; o fenômeno ocorre a cerca de 80km de altitude, bem acima das nuvens.
Terceiro, claro, ela precisa ocorrer... dããã. Sua previsão é muito difícil, mas 2 a 3 dias após uma intensa atividade solar é uma boa chance.

 Até tinha uma cidadezinha no fundo, mas tudo bem...

3- Então, qual é a melhor época do ano?

- Ao contrário de certas informações por aí, a Aurora ocorre o ano todo. O problema é que abril e agosto, o céu fica muito claro nas altas latitudes por causa do Sol da meia noite, impossibilitando a observação da Aurora. Por outro lado, entre dezembro e janeiro, o frio intenso e o acúmulo de neve atrapalham as expedições que vão caçar a Aurora. Assim, os meses mais recomendados são outubro, novembro, fevereiro e março. Em Tromso, a “temporada” começa em meados de setembro.


4- Como assim, expedições pra caçar a Aurora? Precisa?

- Como vimos, dependemos um pouco da sorte pra observar a Aurora. Em dias de atividade mais intensa, você pode ver do centro da cidade ou pegar um ônibus qualquer para uma região mais isolada e ver. Mas, contratar um Guia aumenta suas chances. O que contratamos chegou a rodar, no primeiro dia, mais de 150km em direção à fronteira com a Finlândia atrás de céus limpos e de melhores condições de observação. Se já gastou uma boa grana pra chegar lá, não vá economizar com isso!

 Fronteira com a Finlândia, perto do fim do mundo.

5- Quer dizer que corro o risco de não ver?

- Sim, como dizem que o índice de acerto de um bom guia é na casa dos 60%, nos meses mais recomendados, sugerimos que não fique um dia só por lá.

Já pensou chegar lá e perder isso?

6- E a friaca?

- É forte! Tromso ainda que fica no litoral e tem um clima um pouco mais ameno (para o padrão esquimó), devido à Corrente do Golfo. Mas, como dissemos, você pode ter que ir bem pro interior, de forma que a temperatura pode baixar 9oC nessa viagem, como foi nosso caso. Saímos de Tromso com 3oC e paramos na fronteira com a Finlândia, a -6oC. Isso porque ainda era começo de primavera.

Essa hora estava -6oC

7- E como faz pra agüentar?

- Pra agüentar um frio desses ao relento, você tem que brincar de cebola e se vestir em camadas. Cada camada de roupa tem uma função e pode ser mais reforçada dependendo do frio e do tempo que você ficará exposto a ele – no nosso caso, quase 2 horas.
A primeira camada é a chamada sobrepele, aquela antiga ceroula do vovô em materiais mais modernos: calça e camisa de manga comprida que servem pra absorver a umidade do corpo. No frio, seu inimigo número 1 é a umidade, seja externa (chuva, neve) ou interna (suor).
A segunda camada é a isolante, tem por objetivo manter o máximo possível o calor corporal ali , no lugar dele. Normalmente usa-se casacos de Polar ou Fleece, que tem um ótimo isolamento, dado seu volume e peso. Lã também serve, mas é mais trambolho na bagagem.
A terceira camada é o que vai te proteger do vento (o inimigo número 2) e da umidade externa. Calça e casaco devem ser 100% impermeáveis, embora devam permitir que o suor saia. Não se preocupe, tem disso nas melhores lojas do ramo, como a Decathlon. Calça jeans pode ser a morte num ambiente desses.

Uma fogueirinha também ajuda...

Por fim, os acessórios:
                Gorro: lembre-se que boa parte do calor do corpo sai pela cabeça.
                Cachecol ou pescoceira: seu nariz e queixo agradecem.
                Bota impermeável também, com meia que elimine o suor. Lembre-se que quando estiver um bom tempo no frio, o primeiro lugar que o bicho vai pegar é nos pés e mão, pois o corpo passará a mandar menos sangue pra lá.
                Luvas: uma dica é usar dois pares, uma luva fina de seda ou Merino, que quebra um galho pra quando você precisa das mãos pra mexer, por exemplo na sua câmera, sem congelar tudo. O outro par vai por cima e é daquelas luvas de ski, impermeáveis.

Em último caso, converse com o guia pra ver se ele não tem daqueles macacões de neve, que podem te salvar.



8- Bacanas essas fotos, como que tira uma dessas?

- Claro que as regulagens vão variar de caso pra caso, de máquina pra máquina, de lente pra lente. Se tiver mais de uma lente, procure a que dá maior abertura, ninguém precisa de zoom aqui. O ISO vai ficar na casa dos 800 a 1600. Já a obturação tem que ser bem prolongada, entre uns 3 a 8 segundos, dependendo do caso. Portanto, o uso de tripé é obrigatório! Enfim, pode pedir umas dicas pro guia, mas o que vale é gastar o dedo e testar as melhores regulagens.



9- Mas precisa de uma puta máquina pra isso?

- Nem tanto. Ela precisa ter controle de abertura, da obturação e do ISO. Qualquer DSLR tem isso, a maioria das chamadas Bridges, senão todas, e as tops das point and shoots. Aquela câmera que faz tudo e você só aperta o botão, não serve, tem que ter um mínimo de regulagens pra brincar. Mas, quem sabe a sua não tem e você que não sabe?

Dica 1: no frio, as baterias descarregam mais rápido. Leve uma bateria reserva e mantenha-a dentro do seu casaco, aquecida.
Dica 2: aprenda a mexer nas regulagens da câmera de olhos fechados. Sério, no breu não dá pra ficar procurando botãozinho.
Dica 3: nem se preocupe em enxergar a foto que você está tirando, não vai ver nada antes dela sair.



10- E lá na hora é assim como está nas fotos?

- Não. Como dissemos, você deixa a obturação (em outras palavras, a entrada de luz ou o tempo que demora o clic) aberta vários segundos, de forma que a máquina capta muito mais luz que o olho humano Ou seja, as luzes nas fotos são mais intensas. Pra comparar, veja que dá pra distinguir bem a paisagem, mas no começo do post falamos que estávamos no breu total. Curioso que, quando o guia percebia uma pequena claridade, bem fraca, no céu, pra saber se já era a Aurora, ele tirava uma foto.

 Parece dia, mas estava um breu.

11- Então, é só tirar foto que é mais legal?

- Nem ferrando! Na foto, você perde a definição, embora tenha mais intensidade. Nas fotos, aquilo que sai como um borrão tem, na verdade, contornos bem definidos e que “dança” no céu, como faixas ou cortinas tremulando ao vento. Além de perder definição e movimento, muitas vezes a Aurora cruza o céu de um lado a outro e isso não se pega na câmera. O ideal é curtir os dois e saber tirar um tempo pra sentar numa pedra e simplesmente babar um pouco.

Dá pra ver que os contornos não tem tanta definição. Ao vivo, tem.

12- E dura muito tempo?

- Impossível dizer. Ela aparece em diferentes focos no céu; pode ficar uns 10 segundos lá ou mais de uma hora, não tem um padrão. O negócio é estar atento 360 graus, ao começar um novo foco, presta atenção. Também, durante a noite, pode ter vários focos num mesmo momento e, em seguida, ficar uma hora sem aparecer nada. Mesmo assim, o melhor horário pra observação é das 21h à 1h da matina.

Se não tiver Aurora Boreal, a Lua também dá seu show.

21 setembro 2011

Jardim da Cerveja


Todo mundo que aprecia uma cervejinha já ouviu esse termo: Biergarten. São os famosos locais de reunião dos germânicos pra dividir uma gelada com os amigos. Semanas atrás tiramos nossas primeiras férias aqui e fomos para Munique encontrar nossos padrinhos Débora e Renato para conhecer as cervejas alemãs e virmos subindo de carro para Eindhoven.

O Início dos Trabalhos, Direto do Aeroporto...

É  bom começar conceituando a parada. O que é um Biergarten? Sei lá qual é a definição que o Aurélio Chucrute dá, mas pra mim, a alemãozada avacalhou o conceito. Qualquer bar com uma área externa que venda cerveja virou Biergarten. Em Augsburg, um Box no meio da feira que tinha um cercadinho com umas cadeiras, já se chamava de Biergarten. O quintal de uma cidadã em Rothenburg ob der Tauber (aliás, um lugar bem bacana) também se outorgava o mesmo título.

O Quintal que queria ser Jardim

Eu fiz minha própria definição: Biergarten é um monte de mesa num lugar público onde você para pra tomar uma cerveja comprada numa barraca das redondezas, pronto! Dane-se que o chamado “Biergarten mais antigo de Munique”, o Augustiner, não é assim. O Augustiner é um bar. Não estou desdenhando, é um bar legal pra cacete e deve ser ainda mais no frio, com seus ares de estalagem medieval. Mas lá entra-se, senta-se, pede-se as cervejas pro garçom, que no final te apresenta uma conta. Um bar. Assim como o ótimo Weihenstephaner, em Freising, perto do Aeroporto; a cerveja mais antiga ainda produzida no mundo tem seu próprio bar. Locais recomendadíssimos, mas não são  Biergartens (sorry os versados em alemão, se posso definir a palavra do meu jeito, também faço o plural como quiser).

Entrada da Weihenstephaner

Melhor exemplo de Biergarten é o Viktualienmarkt, no centro de Munique. Trata-se de uma praça arborizada com um monte de mesas e bancos, ABERTA, se quiser sentar lá e jogar dominó, problema nenhum: é uma mesa pública. Em volta, várias barracas: uma vende cervejas, outra serve acepipes bávaros (experimente o Leberkäse, um sanduba com uma lapa de um embutido qualquer, que é delicioso) e por aí vai. No Viktuallien, ainda tem um bônus, pois lá temos um mercadão a céu aberto com suas barracas de verduras e tal, mas outras vendendo conservas como azeitonas, sardinhas, camarões e outros tira-gostos que você pode levar pra acompanhar sua cerveja.

Outro Biergarten típico é o Chinesischer Turm, que fica no meio do Parque do Ibirapuera deles, o Englischer Garten. Bem maior que o Viktuallien, não temos o mercadão lá, mas há mais opções de comidas e bebidas. Impressionante aquilo lotado, pois nem tenho idéia de quanto cervejeiro tinha lá. Por estar no meio do parque, há vantagens e desvantagens. Você pode emendar uma visita ao Englischer, que á muito bonito, e terminar lá. Mas, simplesmente pegar um metrô pra lá já requer uns 15 minutos de caminhada. E outra: se sair depois do escurecer, com umas cerveja a mais na idéia, achar o caminho de volta é coisa de ninja.

Chinesischer Turm é uma Torre Chinesa, em alemão básico

Uma coisa importante é saber a unidades de medida do Biergarten. Temos o Mass e o Meio Mass. Um Mass é uma antiga unidade de medida usada na idade média na região da Bavária e do Tirol e correspondia a algo como 1,06 litros. Hoje em dia foi simplificada para apenas 1 litro, que é a capacidade daquelas caneconas. Meio Mass, dãããã..., é metade disso. Só não vale chegar lá pedindo Meio Mass pra começar; isso é coisa de frutinha: pelo menos primeira tem que ser um Mass de verdade.

Mass, Mass, Mass, Mass,...

Ainda sobre o Mass, no Chinesischer Turm, quando você mo compra, paga um euro a mais e recebe uma fichinha verde. No final, devolve suas canecas e suas fichinhas pra receber seus euros de volta. Isso alivia a sua culpa no caso de querer levar um souvenir pra casa, caso esqueça de devolver seu Mass e ele entre na sua mochila, seu euro por ele já foi pago! Caso você não queira usar o mesmo copo dessa plebe, tudo bem: leve sua caneca de estimação para o Biergarten e pague só o refil.

Fichinhas!!!

Interessante é notar o povo que freqüenta, tem de tudo. Teve uma mesa que vimos no Chinesischer, com uns 8 velhinhos cuja idade acumulada devia ser quase milenária. E várias canecas sobre a mesa... fiquei pensando quantos hectolitros de cerveja aquela trupe já consumiu junta na história dos Biergartens... coisa de encher algumas piscinas olímpicas. Também me chamou a atenção uma velhinha na fila da cerveja (não tem fila preferencial) no Viktuallienmarket. Não sei quantos anos ela tinha, mas acho que eram todos os possíveis. Pegou seu Mass (viu! Até a irmã do Matusalém vai de Mass inteiro!) com uma cara de quem estava fazendo coisa errada que foi sensacional. Deve ter saído do médico minutos antes e ele deve ter dito que como seus exames estavam bons, que liberaria uma cervejinha pra ela: “Mas um copinho só, hein, Frau Steinhager!”. E lá estava nossa simpática velhinha lambendo os beiços com sua cerveja...

Outra cena fantástica de Biergarten presenciada por mim e pela Débora. Há algumas fontes no Viktuallienmarket e a água que sai dali é bem fria. Paramos os dois pra lavar as mãos numa dessas fontes e lá tinha dois senhores apoiados, conversando. Quando vamos ver, não é que os dois tinham colocado uma meia dúzia de latinhas de cerveja na água fria?

Helles (na cabeça), Weiss (com as meninas) e Radler (sobrando na caneca de frente)

Também vale a pena mencionarmos aqui quais os tipos de cerveja que se encontra num Biergarten. Ao contrário da Bélgica onde se tem 7.528 tipos diferentes, em um Biergarten, a grande maioria das canecas carrega apenas 4 tipos de cerveja:

- Münchner Helles: é a básica, uma lager (baixa fermentação), clara, parecida com a Pilsner que estamos habituados, mas um pouco mais encorpada e menos amarga. Possui mais malte e não precisa estar estupidamente gelada pra ser consumida, o que justifica vir em Mass. Graduação alcoólica na casa dos 6o. Como diz o nome, é típica de Munique.

- Dunkel: Embora também seja uma lager, é escura, um pouco mais amarga que a Helles e um pouco mais forte.

- Weiss: a famosa cerveja de trigo alemã. A maioria das alemãs que vendem no Brasil são deste tipo.

- Radler: é a Helles misturada com uma espécie de soda que dá um gosto de limão e a deixa mais fraca e aguada. É a mais popular entre os motoristas...

Um Bretzel no Viktuallienmarkt

E pra comer? Bom, já falei lá em cima do Leberkäse, mas há outras opções. O básico do básico é o Pretzel. Sabe aquele pretzel que vende em barraquinha de shopping? Então, não tem nada a ver. Começa que aqui chama-se Bretzel e é beeeeem maior que o dito cujo. Na verdade, um pão salpicado de sal que acompanha muito bem sua cerveja. Também é possível achar pratos tradicionais como o Eisbein (o joelho de porco) e o Wiener Schnitzel (um bife à milanesa) ou até mesmo um galeto. Nada muito no estilo “porçõezinhas e beliscos” do Brasil, mas, a gente veio aqui para comer ou para beber?

13 julho 2011

Um Pouco de Eindhoven

Este tempo todo aqui e quase nada falamos da nossa cidade, né? Bom, então, vamos falar um pouco de Eindhoven. Localizada na província de Noord Brabant (Brabante do Norte), o primeiro registro da cidade data de 1232, quando ganhou o registro oficial do duque de Brabante (pra quem interessar, o Sul de Brabante é na Bélgica). Viveu muito tempo do comércio de têxteis e tabacos, como entreposto comercial e feira regional.
Uma visão de como era a Eindhoven medieval, banhada pelo Rio Dommel

Podemos considerar que a segunda fundação da cidade se deu em 1891, quando os irmãos Gerard e Anton Philips montaram uma fábrica de lâmpadas. Eindhoven era uma vila que não devia ter 5.000 habitantes e multiplicou sua população por 20 em 40 anos. Hoje, tem cerca de 210.000 habitantes (mais ou menos do tamanho de Jacareí) e cerca de 750.000 na, digamos assim, "região metropolitana". Mesmo assim, é a 5a maior cidade do país e a maior fora do chamado Randstad, a grande conurbação do noroeste holandês que engloba Amsterdam, Rotterdam, Haia e Utrecht, as 4 que estão na frente de Eindhoven.
No próprio Tourist Information, vemos o quanto Eindhoven é a Philips

Hoje, muito da economia local já não depende diretamente da gigante eletrônica, apesar de ter prédio da Philips em tudo que é canto, mas se Eindhoven é o principal pólo de IT e informática da Holanda, além de uma cidade universitária, isso se deveu ao ecossistema desenvolvido ao redor da Philips. Mesmo o outro ente mais conhecido da cidade, o PSV Eindhoven (segundo time de futebol do país, onde jogaram Romário e Ronaldo) nada mais é que o Philips Sport Vereniging, ou simplesmente União Esportiva Philips. É o "time da firma".
Adivinhem o nome do estádio do PSV???

Diferente de muitas cidades holandesas, Eindhoven não tem exatamente aquele centrinho histórico, afinal, não era grandes coisas de cidade antigamente. Apesar disso, o centro é bem agradável, com boulevards cheios de lojas e bares. Tem também o Blob, que fica do lado de casa, só não me façam maiores perguntas do porquê isso é assim. Só sei que dentro funciona uma loja de roupas.
A coisa estranha... o prédio no canto esquerdo, acima, é o nosso!!!

Por outro lado, é uma cidade com muito verde muito bem distribuída. É cercada por 3 anéis viários que concentram o trânsito, de forma que mesmo as ruas perto do centro podem ser tranquilas e arborizadas. É uma cidade com muitos parques e zonas bem definidas de comércio, residenciais, etc. O principal parque é o Genneper, que se divide em 3. Uma parte é aquela mais parque, mesmo, com gramados, árvores, alamedas e velhinhos jogando damas.
Trecho onde o Rio Dommel atravessa o Genneper

Ainda no Genneper - vai falar que o pessoal não é econômico?

Mais pro sul, temos um complexo esportivo com campos de futebol, hóquei e golfe, o mini estádio do Eindhoven FC (2a divisão da Holanda), estádio de patinação de velocidade no gelo e um dos mais modernos centros de natação do mundo, que homenageia Pieter van den Hoogenband, bicampeão olímpico dos 100m livre em Sidney e Atenas, que cresceu e treinava na cidade.

Por fim, outra parte é a de entretenimento.Tem uma mini fazenda que vende queijos e vegetais em geral produzidos ali, um moinho de água e um museu histórico ao ar livre. O Historisch Openluchtmuseum é dividido em duas partes: idade antiga e medieval; cada uma com uma reconstrução de uma vila como seria na época e na região de Noord Brabant, sempre com base em escavações arqueológicas reais. Além disso, vários guias/atores ficam pelo museu, caracterizados como na época e realizando as tarefas como tal. Quando fomos, tinha até um cara fabricando tamancos de madeira.
O cara no fundo está fazendo tamancos

Outro museu importante é o Van Abbe, de arte moderna, mas vamos ficar devendo uma avaliação mais abalizada, pois ainda não fomos lá. Ainda no campo das lembranças, em várias partes da cidade há pequenas e singelas homenagens a judeus locais que foram mortos pelos nazistas. Em frente às casas que costumavam morar, há uma pequena placa metálica cravada no chão com o nome da pessoa, data de nascimento, quando foi capturada, o campo que foi enviado e quando morreu. Já vimos isso em frente a uma meia dúzia de casas e a quantidade não é maior porque a região é tradicionalmente católica e a colônia judaica se concentrava em Amsterdam.
A homenagem é pequena, mas é marcante.

A bikes são parte importante da paisagem não apenas de Eindhoven, mas da Holanda. Quase toda a cidade é cortada por ciclovias, senão aquelas feitas na calçada, ao menos um canto demarcado na rua. Ainda assim, onde não é, a preferência é das magrelas. Na estação central dá pra ter uma ideia de quanto se anda de bicicleta, pois é um mar delas.
Um dos estacionamentos. Tem mais dois do outro lado e um subterrâneo.

Com tanta ciclovia e sendo totalmente plana, Eindhoven acaba sendo a cidade dos sonhos de quem é deficiente físico ou tem dificuldade de locomoção. Tem cadeira de rodas elétrica em todo canto e muito mais, ainda, daqueles carrinhos elétricos que o pessoal usa em shoppings. Muita gente que se locomove com muletas usa um desses para grandes distâncias e tenho impressão que é usado até por gente que apenas não quer se cansar - sério, uma vez vimos uma mulher saindo de um desses e não pareceu ter nenhuma dificuldade. Não deixa até de ser bizarro - bacana, porém estranho - dividir a ciclovia com cadeiras de rodas e carrinhos elétricos.
Boliche no meio da rua...

Uma outra atração da cidade são as igrejas. Como falamos, a região é predominantemente católica e fica bem na fronteira entre católicos e protestantes, de forma que é engraçado que uma cidade relativamente pequena - ainda mais até o início do século XX - tenha 3 catedrais enormes: Santa Catarina, São Jorge (Joris) e Sagrado Coração, com uma espécie de monastério anexo. Herança das batalhas religiosas europeias.
Vitral da igreja de Santa Catarina

Outro destaque é a quantidade de restaurantes na cidade. Embora o pessoal não seja chegado em almoço, eles lotam no jantar (em torno das 18h-19h aqui). Italiano, mexicano, indonésio, grego, indiano, tem de tudo e os preços estão longe de serem extorsivos. No Antonio's, um italiano dos mais populares aqui, dá pra ficar na faixa de 30-40 euros o casal, sem vinho. Um restaurante de carnes não sai mais caro que um Outback da vida.

É isso... esperamos que seja mais fácil pra vocês dividirem conosco o que é morar em Eindhoven e nem estranharem tanto quando nos visitarem....

18 junho 2011

Guia de Viagem: Bruxelas

Entre idas e vindas ao Brasil e um pouco de vagabundagem, lá se vai um mês que o Blog quase mofou. Mas, não tem nada não, aqui estamos de volta.

Começamos nosso plano de dominação rolê europeu visitando os malditos belgas (sorry, piada interna! =D). Aproveitando que segunda-feira foi feriado, embarcamos rumo a 3 dias na capital dos belgas.

PRA COMEÇAR

Bruxelas é uma cidade de pouco mais de 1 milhão de habitantes. É uma das 3 regiões da Bélgica: Flandres (que fala flamengo, um dialeto do holandês), Valônia (que fala francês) e Bruxelas, mesmo (embora encravada em Flandres, cerca de 80% fala francês). Embora tenha esse rolo de flamengo e francês, dá pra se virar no inglês de boa.

Grand Place ou Grote Markt, o coração da cidade

Além de capital dos belgas, Bruxelas é a "capital" da União Europeia, onde funciona o Parlamento Europeu e várias outras instituições da UE.

DICA 1:  por ser capital da UE, os hotéis da cidade tem um trânsito grande no meio de semana. Assim, o fim de semana pode proporcionar grandes barbadas pra sua hospedagem. Ficamos no Aloft Brussels, na região da UE, uns 2km do centro (com metrô) e conseguimos uns 70% de desconto na tarifa normal. E o hotel era excelente, decoração moderna, bar, quarto perfeito.

Bar do Aloft- ainda por cima, preços bem honestos

CHOCOLATE E CERVEJA

Se tem duas coisas que belga sabe fazer, estamos falando de cerveja e chocolate. Precisa mais?

Nos bares é possível ter uma variedade grande de cervejas, de Duvel a Lindermans, de Leffe a Hoegaarden, passando por várias que você nunca ouviu falar. Mas é nas lojas que qualquer um se perde: centenas e centenas de tipos de cerveja, nem se sabe por onde começar. O negócio é sair atirando pra todo lado, por que errar, você não vai. Fora os milhares de itens relacionados que nem encontramos aqui: camisetas, copos, placas, bandejas,...

Cada um reza no templo que mais se identifica

Chocolate é outra sacanagem. Qualquer birosca vende e não precisa ser os Godivas da vida, aquele que você catar na gôndola do mercado pode ter certeza que vai ser bom bragarai. Mas, também temos os templos, onde se acha de tudo que é jeito e tipo.

Chocopolis - Precisa falar mais?

ATRAÇÕES

Falamos do Grote Markt, onde o destaque é o prédio da prefeitura e onde a parada num dos bares pra tomar uma é obrigatório. No entorno, diversas lojas desde aquelas turistonas, passando por chocolaterias e chegando nas butiques normais.

Pra compras mais chiquetonas, vá para o Boulevard Waterloo, ao lado do Palácio de Justiça (onde moram os superamigos): Tiffany, Zegna, Gucci, Hermès, Cartier, Dior, Vulgari, Luís Vitão, you name it!

Os parques também são muito bacanas de visitar, naquele estilo parisiense (óóó... metendo a mala...) de bosques, fontes e alamedas. Tanto o Parc de Bruxelles, em frente ao Palácio Real, como o Cinquantenaire, perto do nosso hotel (com direito a arco do triunfo e tudo), dão belos passeios.

Pessoa fazendo graça no chafariz...

Com relação aos museus, demos pouca sorte, pois o feriado na Holanda também era na Bélgica. O Museu de Belas Artes traz muitas obras de pintores belgas e holandeses antigos (Rubens, Rembrant e que tais), além do seu anexo o Magritte, de Arte moderna, que ficamos devendo. Também ficamos devendo o Museu dos Instrumentos Musicais e o da Cerveja.

DICA 2: No centro também estão as melhores opções de rango. Uma ruazinha chamada Korte Beenhouwersstraat, ou Petite Rue des Bouchers, ou ainda, a Ruela dos Açougues. É um restaurante atrás do outro, com aqueles caras na porta te enchendo pra escolher o deles, mas com comida e preços excelentes. Menus com entrada, prato principal e sobremesa a partir de 12 euros e com muito frutos do mar. Comemos uma baita panela de mariscos e uma baita paella por 22 euros cada. Muuuuita comida! E vou falar que nos divertimos pacas com o sujeito do nosso restaurante tentando amealhar fregueses. Pensa alguém que não se importa de passar vergonha...

 Cemitério de Mariscos! 

O Atomium é outra atração interessante. Fora do centro, tem que pegar o metrô para a estação Heysel (pra quem lembra, onde fica o estádio da tragédia de Heysel, na final da Copa dos Campeões de 85 entre Liverpool e Juventus). Eles construíram uma molécula gigante (e chamaram de Atomium - não é à toa que os belgas se consideram os portugueses da Europa...) para a Feira Internacional de 1958 e o monumento está lá abrigando exposições sobre a tal feira e sobre a Imigração. Vale.

Subimos láááá em cimão! - putza fila!

DICA 3: uma atração ao lado do Atomium que não vimos nos guias (inclusive dá pra comprar ingresso casado) é o Mini Europe. Um parque que conta com dezenas de maquetes de monumentos europeus na escala 1/25. De Torre Eiffel à Torre de Pisa, de Acrópolis ao Parlamento Britânico, num nível de detalhe impressionante, algumas maquetes demoraram 2 anos pra serem feitas. Um passeiozinho de 1h que vale bem à pena, pra quem se abalou a ir ao Atomium. Falhas: não tem o Coliseu (aliás, de Roma não tem picas), o Castelo de Praga e Neuschwanstein, mas tem ao menos um monumento de cada país da UE.

El Escorial, um nível de detalhe impressionante

Pra finalizar, já que o post tá loooongo, mais uma atração off the books. Encontramos completamente sem querer, saindo do Arco do Triunfo belga, vimos uma placa "Autoworld" e a reação veio em holandês arcaico: "queporraéessa?".

DICA 4: conforme falamos, tem um lugar chamado Autoworld, um galpão imenso que abriga uma exposição permanente de carros antigos. São mais de 300 modelos sendo que uns 70% devem ser dos anos 40 para trás. Cada um com uma breve explicação, inclusive em inglês. Muitos carros do início da indústria automobilística, de todas as marcas e origens distintas, parecendo novinhos em folha. Fora os inusitados, como um carro elétrico da década de 10, ou um carro anfíbio que chegou a ser produzido em série.

Um Bugatti da década de 30 (ou 40?) que revolucionou o design da época.

Enfim... Bruxelas é uma cidade muito agradável pra se passear. Se perder pelo centro, no meio de cervejas e chocolates, já seria suficiente. Fora isso, tem muita coisa pra curtir.

Começamos bem nossa epopéia pela Zoropa.