22 novembro 2011

GLOW Eindhoven

Eindhoven tem uma ligação muito grande com a luz elétrica. Digamos que só é o que é por causa da lâmpada. Em 1891, era uma cidadezinha com cerca de 7 mil habitantes, quando foi fundada a primeira fábrica da Philips na cidade, destinada a fabricar lâmpadas elétricas. Em poucos anos, multiplicou de tamanho várias vezes pra se tornar um dos principais pólos tecnológicos do norte da Europa.

Nada mais natural que haver aqui um festival dedicado à luz! Todo ano realiza-se o Glow Eindhoven (http://www.gloweindhoven.nl/) onde dezenas de obras são espalhadas pela cidade, todas feitas com luzes em projeções. Hordas de turistas da região com suas câmeras e tripés invadem a cidade para observar essas obras, gratuitamente.

Seguem as fotos e até um vídeo do que vimos na noite fria de Eindhoven. Enjoy!

Cúpula de luz na frente da estação de trem, ponto de partida do Glow.

Reflexo no prédio da Estação Central de Eindhoven

Estátua de Anton Philips, dentro da Cúpula

Detalhes de como a Cúpula foi feita

Estrutura na Praça Central com desenhos feitos pelas crianças de Eindhoven

Projeção no prédio da Prefeitura

Ainda no prédio da Prefeitura

Prédio do Van Abbe Museum, simulava uma árvore

Os contornos em escuro eram pintados na parede e ele era colorido por luzes de diversas formas e cores.

Túnel sob a linha do trem, com ultravioleta pra iluminar os corações...

Um dos prédios da Universidade de Tecnologia de Eindhoven (TU/e). Era "pintado" em várias cores.

Mais uma obra no meio da Universidade.

Esse era bem legal. Nessa caixa, uma Bobina de Tesla produzia raios e cada raio fazia um som diferente. Assim, dava pra tocar música com os raios. No vídeo abaixo, você vai entender.

Pena que perdi a hora que tocou a música do Star Wars.

É isso... Eindhoven também tem suas atrações!!!


16 novembro 2011

As Luzes do Norte

FAQ da expedição do AGente Laranja para conferir a  Aurora Boreal, aquilo que os ingleses chamam de Northern Lights:


1- O que é essa bagaça?

- Sem entrar em maiores detalhes técnicos, pois nenhum de nós é botânico, é o choque de partículas de vento solar com o campo magnético da Terra. Como nos pólos este campo está mais próximo do solo, coincidindo com a ionosfera, o choque de partículas causa os efeitos óticos. Normalmente vem em formas de arcos ou de cortinas e a cor mais comum é o verde. Se a tempestade solar for forte o suficiente, teremos tons de rosa e vermelho. Dependendo da concentração maior de nitrogênio, pode-se observá-la em violeta e azul, sendo essa última cor, a mais rara de todas.

 Vimos quase tudo em verde e um pouco de rosa, às vezes.

2- O que precisa para poder observar a Aurora?

- Precisa haver uma conjunção de 3 fatores óbvios:
Primeira coisa, precisa estar escuro, quanto mais, melhor, de forma que sempre é bom fugir das luzes da cidade.
Segundo, o céu precisa estar limpo; o fenômeno ocorre a cerca de 80km de altitude, bem acima das nuvens.
Terceiro, claro, ela precisa ocorrer... dããã. Sua previsão é muito difícil, mas 2 a 3 dias após uma intensa atividade solar é uma boa chance.

 Até tinha uma cidadezinha no fundo, mas tudo bem...

3- Então, qual é a melhor época do ano?

- Ao contrário de certas informações por aí, a Aurora ocorre o ano todo. O problema é que abril e agosto, o céu fica muito claro nas altas latitudes por causa do Sol da meia noite, impossibilitando a observação da Aurora. Por outro lado, entre dezembro e janeiro, o frio intenso e o acúmulo de neve atrapalham as expedições que vão caçar a Aurora. Assim, os meses mais recomendados são outubro, novembro, fevereiro e março. Em Tromso, a “temporada” começa em meados de setembro.


4- Como assim, expedições pra caçar a Aurora? Precisa?

- Como vimos, dependemos um pouco da sorte pra observar a Aurora. Em dias de atividade mais intensa, você pode ver do centro da cidade ou pegar um ônibus qualquer para uma região mais isolada e ver. Mas, contratar um Guia aumenta suas chances. O que contratamos chegou a rodar, no primeiro dia, mais de 150km em direção à fronteira com a Finlândia atrás de céus limpos e de melhores condições de observação. Se já gastou uma boa grana pra chegar lá, não vá economizar com isso!

 Fronteira com a Finlândia, perto do fim do mundo.

5- Quer dizer que corro o risco de não ver?

- Sim, como dizem que o índice de acerto de um bom guia é na casa dos 60%, nos meses mais recomendados, sugerimos que não fique um dia só por lá.

Já pensou chegar lá e perder isso?

6- E a friaca?

- É forte! Tromso ainda que fica no litoral e tem um clima um pouco mais ameno (para o padrão esquimó), devido à Corrente do Golfo. Mas, como dissemos, você pode ter que ir bem pro interior, de forma que a temperatura pode baixar 9oC nessa viagem, como foi nosso caso. Saímos de Tromso com 3oC e paramos na fronteira com a Finlândia, a -6oC. Isso porque ainda era começo de primavera.

Essa hora estava -6oC

7- E como faz pra agüentar?

- Pra agüentar um frio desses ao relento, você tem que brincar de cebola e se vestir em camadas. Cada camada de roupa tem uma função e pode ser mais reforçada dependendo do frio e do tempo que você ficará exposto a ele – no nosso caso, quase 2 horas.
A primeira camada é a chamada sobrepele, aquela antiga ceroula do vovô em materiais mais modernos: calça e camisa de manga comprida que servem pra absorver a umidade do corpo. No frio, seu inimigo número 1 é a umidade, seja externa (chuva, neve) ou interna (suor).
A segunda camada é a isolante, tem por objetivo manter o máximo possível o calor corporal ali , no lugar dele. Normalmente usa-se casacos de Polar ou Fleece, que tem um ótimo isolamento, dado seu volume e peso. Lã também serve, mas é mais trambolho na bagagem.
A terceira camada é o que vai te proteger do vento (o inimigo número 2) e da umidade externa. Calça e casaco devem ser 100% impermeáveis, embora devam permitir que o suor saia. Não se preocupe, tem disso nas melhores lojas do ramo, como a Decathlon. Calça jeans pode ser a morte num ambiente desses.

Uma fogueirinha também ajuda...

Por fim, os acessórios:
                Gorro: lembre-se que boa parte do calor do corpo sai pela cabeça.
                Cachecol ou pescoceira: seu nariz e queixo agradecem.
                Bota impermeável também, com meia que elimine o suor. Lembre-se que quando estiver um bom tempo no frio, o primeiro lugar que o bicho vai pegar é nos pés e mão, pois o corpo passará a mandar menos sangue pra lá.
                Luvas: uma dica é usar dois pares, uma luva fina de seda ou Merino, que quebra um galho pra quando você precisa das mãos pra mexer, por exemplo na sua câmera, sem congelar tudo. O outro par vai por cima e é daquelas luvas de ski, impermeáveis.

Em último caso, converse com o guia pra ver se ele não tem daqueles macacões de neve, que podem te salvar.



8- Bacanas essas fotos, como que tira uma dessas?

- Claro que as regulagens vão variar de caso pra caso, de máquina pra máquina, de lente pra lente. Se tiver mais de uma lente, procure a que dá maior abertura, ninguém precisa de zoom aqui. O ISO vai ficar na casa dos 800 a 1600. Já a obturação tem que ser bem prolongada, entre uns 3 a 8 segundos, dependendo do caso. Portanto, o uso de tripé é obrigatório! Enfim, pode pedir umas dicas pro guia, mas o que vale é gastar o dedo e testar as melhores regulagens.



9- Mas precisa de uma puta máquina pra isso?

- Nem tanto. Ela precisa ter controle de abertura, da obturação e do ISO. Qualquer DSLR tem isso, a maioria das chamadas Bridges, senão todas, e as tops das point and shoots. Aquela câmera que faz tudo e você só aperta o botão, não serve, tem que ter um mínimo de regulagens pra brincar. Mas, quem sabe a sua não tem e você que não sabe?

Dica 1: no frio, as baterias descarregam mais rápido. Leve uma bateria reserva e mantenha-a dentro do seu casaco, aquecida.
Dica 2: aprenda a mexer nas regulagens da câmera de olhos fechados. Sério, no breu não dá pra ficar procurando botãozinho.
Dica 3: nem se preocupe em enxergar a foto que você está tirando, não vai ver nada antes dela sair.



10- E lá na hora é assim como está nas fotos?

- Não. Como dissemos, você deixa a obturação (em outras palavras, a entrada de luz ou o tempo que demora o clic) aberta vários segundos, de forma que a máquina capta muito mais luz que o olho humano Ou seja, as luzes nas fotos são mais intensas. Pra comparar, veja que dá pra distinguir bem a paisagem, mas no começo do post falamos que estávamos no breu total. Curioso que, quando o guia percebia uma pequena claridade, bem fraca, no céu, pra saber se já era a Aurora, ele tirava uma foto.

 Parece dia, mas estava um breu.

11- Então, é só tirar foto que é mais legal?

- Nem ferrando! Na foto, você perde a definição, embora tenha mais intensidade. Nas fotos, aquilo que sai como um borrão tem, na verdade, contornos bem definidos e que “dança” no céu, como faixas ou cortinas tremulando ao vento. Além de perder definição e movimento, muitas vezes a Aurora cruza o céu de um lado a outro e isso não se pega na câmera. O ideal é curtir os dois e saber tirar um tempo pra sentar numa pedra e simplesmente babar um pouco.

Dá pra ver que os contornos não tem tanta definição. Ao vivo, tem.

12- E dura muito tempo?

- Impossível dizer. Ela aparece em diferentes focos no céu; pode ficar uns 10 segundos lá ou mais de uma hora, não tem um padrão. O negócio é estar atento 360 graus, ao começar um novo foco, presta atenção. Também, durante a noite, pode ter vários focos num mesmo momento e, em seguida, ficar uma hora sem aparecer nada. Mesmo assim, o melhor horário pra observação é das 21h à 1h da matina.

Se não tiver Aurora Boreal, a Lua também dá seu show.