08 dezembro 2012

Roteiro Trapista - Resumo Final

Bom, depois de tanta coisa, vamos fazer um resumo geral do que aconteceu. Primeiro, só alguns detalhes sobre abadias que foram revisitadas e que gostaríamos de atualizar:


La Trappe

Como é uma que fica pertinho e tem um ótimo restaurante, quase toda visita que vem aqui, levamos lá, de forma que sempre tem coisa nova.

Primeiro, tínhamos falado que almoçar mesmo lá que não valeria muito a pena. Esquece: a comida é muito boa e os preços bem razoáveis, na casa dos € 12 a € 15 por prato. A sugestão é o cozido flamengo (Flemish Stew), um picadinho feito na cerveja e servido com fritas. Aliás, todos os pratos vêm com sugestão de melhor harmonização com cerveja.

Os Jardins de La Trappe, pelo menos, o comecinho

Sobre as cervejas produzidas lá, duas novidades: as conhecidas Isid’Or e Quadrupel possuem versões Oak Aged, como o nome diz, envelhecidas em barris de carvalho, no caso, antigos barris de destilaria de whisky, que deixam a cerveja com um aroma mais defumado e um gosto muito diferente. São carinhas (€ 9,50 a garrafa pequena), mas vale uma tentativa. Das duas, preferi a Isid’Or.

A igreja de La Trappe. Foi bombardeada na 2a Guerra, pois a abadia foi palco de uma batalha da Op. Market Garden

Por fim, essa foi sem querer, quando nossa amiga Clara nos visitou no começo de setembro. Entre final de agosto e começo de setembro, várias atrações turísticas na Holanda fazem um “Open Day” e permitem visitas a lugares normalmente restritos. E foi o que aconteceu, na sorte total, os jardins estavam abertos pra visitação.

O monge guia

Assim, nada do outro mundo, mas é interessante. A visita era guiada por um dos monges de La Trappe e em holandês, mas conseguíamos ajuda de outros visitantes, que traduziam pra gente. A parte mais interessante era do cemitério dos monges que fica em um canto do terreno que era uma fronteira tripla de municípios, de forma que tinha monge enterrado em 3 cidades diferentes, o que dava dor de cabeça pra eles. Precisaram mudar as divisas em alguns metros pra acertar tudo.

Parte do descanso final dos monges

O lado ruim é que estava lotado e com espera pra conseguir uma mesa; refeição, nem pensar. Muita gente que só queria uma cervejinha acabava tomando no gramado, mesmo.


Orval

Voltamos a Orval no dia que passamos por Chimay e Rochefort e por dois motivos: não visitamos a parte de exposição da primeira vez, por falta de tempo, e a Carol precisava comprar mais da melhor geleia que já comeu. Infelizmente, a geleia não tinha mais.


Inverno...
Foi interessante pra ver no verão aquilo que só vimos no inverno, passar com mais calma pelo pequeno museu da história de Orval (lembre-se, eles estão lá há quase 1000 anos, entre destruições e reconstruções).

Verão...
E, claro, passamos pela pequena exposição que há onde contam um pouco sobre fabricação de cerveja, sobre a história da cervejaria, umas partes multimídia e aquelas coisas que mais ou menos tem em outros lugares. Simples, mas bem feitinho. Enfim, a estrela da visita continua sendo as ruínas da antiga catedral.

Pessoa se divertindo nas telinhas (notaram que é um tanque de fermentação?)
Mas, há novidades! Lembra que falamos que não havia bar / restaurante lá? Então, agora tem! Na verdade, quando fomos da primeira vez, ele já existia, mas estava fechado. O À l’Ange Gardien fica fora da abadia, uns 200m antes de chegar. Não é tão charmoso quanto os de La Trappe ou Chimay, mas completa a visita, sem dúvidas.

A foto não é nossa, mas o bar é esse.

Roteiro Ideal

E pra quem quer fazer essa visita, quais as recomendações? Bom, vamos tentar dar umas dicas rápidas para você montar seu roteiro:

1-      Pode cortar duas abadias: Westmalle e Rochefort. A não ser que tenha feito promessa a São Benedito de passar pelas 7, Westmalle só tem um restaurante bem sem graça e Rochefort, nem isso.

2-      Para as 5 restantes, por uma questão de distância e horário (não quer visitar uma cervejaria trapista às 9h da manhã, certo?), a sugestão é demorar 3 dias, afinal, são 750km no total, dando a volta na Bélgica.

É um certo rolê, sim.
3-      Tem que ser de carro. Muitas abadias estão em cidades que não tem trem e todas estão fora do centro, provavelmente sem transporte público.

4-      Saindo de Bruges, por exemplo, Westvleteren fica a 70km de distância. Uma passada pelo ótimo In De Vrede, saborear a Blonde, a 8 e a 12 in loco. Pro mesmo dia, o que falamos no post anterior, emende uma visita à cidadezinha de Ieper (Yprés) para um ótimo tour sobre 1ª Guerra. O centrinho também é bem bacana. De noitinha, parta pra Chimay: 180km.

Antigas Orvais

5-      No segundo dia, faça Chimay e Orval. Comece por Chimay, pois dá pra aproveitar a manhã conhecendo a cidade e com tempo de chegar para a missa cantada pelos monges, das 11h às 12h. Saindo de lá, visita e almoço no Auberge de Poteaupré. Próxima parada, Orval, a 116km. Cuidado com os horários de visita, pois Orval tem bastante o que ver, mas dá tempo de ainda terminar com uma cervejinha de fim de tarde por lá. Daí, a maior estirada da viagem: 240km pra Achel.

Não é dentro de Orval, mas é do lado

6-      Em Achel, aproveite pra fazer boas compras de cervejas (uma das melhores lojas do país), tomar uma cervejinha apenas e deixe pra almoçar na La Trappe, já na Holanda. São apenas 56km entre as duas. Se quiser terminar em uma cidade turística, de Tilburg (onde fica a La Trappe) até Antuérpia, são 74km.

No final do tour, a iluminação divina em La Trappe


Como assim, 10 trapistas?

Todo esse tempo estamos aqui falando das 7 trapistas pra cá, 7 trapistas pra lá, mas o mundo gira. Se eram 7 no início da brincadeira, hoje já são 8 as cervejarias trapistas oficiais.

Desde 1º de agosto último está no mercado a Gregorius, uma Tripel com 9,7% de graduação alcoólica, fabricada na abadia de Engelszell, na Áustria, fronteira com a Alemanha. A cidade é bem fora de mão, de forma que não vamos prometer uma visita, OK? Se estivermos de bobeira na região, pode ser.

Logo depois, veio a Benno, uma Dubbel clara, de 7%, o segundo produto dos monges austríacos e assim como a Gregorius, nomeada em homenagem a um antigo prior da abadia. Por enquanto, ambas só são vendidas no local e na loja virtual, mas já anunciaram que exportarão até pros EUA.

Plantação de lúpulo na La Trappe

Tem outra cerveja, a caminho de ser a nona trapista. A Mont des Cats é feita pela abadia de mesmo nome, localizada bem no norte da França, numa região chamada Flandres Francesa, cuja língua oficial é o flamengo, pertinho de Westvleteren, meros 22km.

A cerveja já é feita, já está no mercado, a abadia de Mont des Cats é trapista, membro da International Trappist Association, carrega no rótulo o nome de Bière Trappiste e o responsável pela sua confecção é um monge. O que falta para ser oficialmente trapista?

Devidamente degustada, numa taça emprestada da sua irmã Rochefort

Bem, ela não é fabricada dentro da abadia. Mont des Cats deixou de ter uma cervejaria no início do século XX quando o monge cervejeiro morreu e ela é fabricada em outra abadia trapista, Chimay. Dizem até que ela lembra muito a Chimay Dubbel, mas sei lá, não tem uma Chimay aqui pra comparar. A Mont des Cats só levará o selo de Authentic Trappist Product quando for feita dentro da própria abadia, mas ainda não há planos para tanto.

Oito, nove, e a décima? A décima ainda está no campo dos boatos, mas a Abadia de Maria Toevlucht, na cidade de Zundert, sul da Holanda – aliás, já notaram que todas as abadias ficam perto de fronteira?  – tornou-se membro da ITA no início de 2012 anunciando que investiria na montagem de uma cervejaria dentro de suas paredes.

As primeiras notícias davam conta que estaria no mercado no fim desse ano, mas até agora, nada.


Avaliação Final

Não poderíamos terminar essa aventura sem uma avaliação, certo? Então, decidimos alguns critérios e demos notas para cada uma das 7 cervejarias, com a favorita em cada um e as notas para chegar à melhor. Vamos lá:

- Bar: empate entre La Trappe e Chimay, ambos em lugares bem agradáveis, com ótima comida, degustação de cerveja e que valem a visita.

- Loja: não é a mais bonitinha, não é a mais arrumada, pelo contrário, parece um mercadinho de interior, com direito a carrinho de compras e prateleiras com sabão em pó. Mas, estamos falando de cerveja aqui e nos fundos do mercadinho de Achel esconde quase que um galpão com mais de 100 rótulos de cerveja à venda, além dos copos de quase todas. E o melhor: preços bem camaradas.

Brincando de cervejeiro na visita de Orval

- Visita: considerando atrações, tour e tudo que você pode visitar, Orval ganha mesmo sem ter um tour organizado como La Trappe.

- Local: considerando aqui, a beleza e todo o entorno, mais um ponto para Orval e suas ruínas imbatíveis.

Uma geral de Orval
- Cerveja: afinal, viemos aqui pra quê? E a votação ficou difícil, com um tríplice empate. Minha favorita, individualmente, é a Orval. A Westvleteren classifica junto por fazer duas cervejas tão diferentes e tão especiais como a 8 e a 12. Completando a lista, vamos pela quantidade: a La Trappe fazer 10 cervejas diferentes, incluindo a sensacional Isid’Or Oak Aged, que não fica a dever pra nenhuma.


Bar
Loja
Visita
Local
Cerveja
Média
Achel
3
5
0
3
3
         2,8
Chimay
5
3
4
4
4
         4,0
La Trappe
5
4
4
4
5
         4,4
Orval
4
3
5
5
5
         4,4
Rochefort
0
0
0
1
4
         1,0
Westmalle
3
2
0
1
4
         2,0
Westvleteren
4
3
0
3
5
         3,0

Claro que temos mais um empate! Afinal, temos que ter assunto pra discutir na mesa do bar, né?

Bom, o capítulo trapista encerra por aqui, pelo menos por enquanto... tot ziens!

26 novembro 2012

Roteiro Trapista (5, 6 e 7 / 7)

Bom, se você é um atento leitor, lembra que colocamos pra nós mesmos o objetivo de fazer todas as cervejarias trapistas em 1 ano. Fizemos em pouco mais de um ano, mas contou pro bônus. Completamos o périplo em julho passado, mas com o Blog abandonado, o registro só vem agora. Pegamos um fim de semana e demos, literalmente, uma volta pela Bélgica para fechar os 3 mosteiros restantes e, de quebra, ainda fazer uma revisita a Orval.

Mas, vamos deixar os updates de abadias passadas para o wrap up que virá em seguida, afinal, temos novos desafios adiante. Por ora, vamos terminar o que começamos e reportar o final do Tour Trapista.


5- Westvleteren

Por muitos, considerada o Santo Graal das cervejas trapistas. A mais exclusiva, mais difícil de achar e a mais reverenciada, não apenas entre as trapistas, mas não seria exagero dizer que entre todas as cervejas belgas.

A Entrada de Westvleteren

E tudo isso, tem um motivo: ao contrário de suas irmãs, Westvleteren escolheu permanecer uma pequena cervejaria trapista, sem a intenção de ganhar mercados no mundo todo. Os monges produzem apenas a quantidade que julgam necessária para manter seu mosteiro e nem uma gota a mais.

Mas, não é só isso: o único lugar que as Westvleteren Blonde, 8 e 12 são vendidas oficialmente é na própria abadia. E não é fácil, mesmo assim. Tem que ligar lá, nos horários que falam no site, normalmente por uma hora na manhã de segunda feira e outra na manhã de terça. O próprio site fala que é difícil conseguir, de forma que gastei meu dedo e nada.

Westvleteren 12 e Blonde prontas pro abate

Se conseguir ligar, você faz a reserva, mas não da cerveja que você quer, tem que ser do que tem e dê-se por satisfeito. Você passa a placa do seu carro e marca o dia para buscar as cervejas, normalmente no sábado seguinte. Eles controlam a venda pela placa do carro e você pode levar apenas dois engradados por vez e o mesmo carro só pode voltar lá após 2 meses.  

Além disso, você se compromete com os monges que a cerveja é para consumo próprio e que não será revendida. Pra sua sorte, alguns lojistas demoníacos e inescrupulosos fazem toda essa via crucis por você e vendem essas preciosidades em lojas de cervejas pela Bélgica e Holanda. Mas, ir pro inferno tem seu preço: uma garrafinha comprada por € 1,20 in loco passa a valer quase 10 vezes mais nesses antros de pecadores.

Outra opção, como fizemos, é degusta-la no café In De Vrede, que significa literalmente “Na Paz” em holandês, logo na frente da abadia. Com uma bela vista dos campos de cevada que um dia estarão dentro do mesmo copo que você segura, bons pratos, uns bons sanduíches e Westvleterens “van het tap” que podem te render um ótimo par de horas.

Vista do Café: soon... soon...

Por ser vendida oficialmente apenas na abadia e no Na Paz, outra peculiaridade da Westvleteren é que ela não possui rótulo. Todas as informações legais estão impressas na tampinha e, dada a falta de espaço, ela não consegue ostentar o selo de Authentic Trappist Product.

Na saída, uma lojinha com bons produtos trapistas, de patês a queijos (nunca deixe de levar um queijo numa abadia trapista. NUNCA!). Sempre vendem uma cerveja lá e o kit varia de tempos em tempos. Eu levei dois kits com um copo e 4 cervejas (2 Blonde, 1 de cada das outras) cada, por um preço bem mais salgado que no roteiro normal, mas bem mais em conta que na De Bier Temple mais perto de sua casa.

Sim, eu tenho! hehehe...

Westvleteren é um pouco fora de mão dos roteiros turísticos tradicionais, mas uma ótima sugestão é fazer o que fizemos: combinar a abadia com um passeio a Ieper (ou Yprés, em francês), a apenas 15km de distância, palco de algumas das mais sangrentas e heroicas batalhas da 1ª Guerra Mundial. Além de uma cidade muito bacaninha, há diversos guias que te levam por trincheiras, locais de batalhas e memoriais. Um passeio fantástico, mas falaremos dele num outro dia.


6- Chimay

É a visita mais completa que você pode fazer nesse roteiro. Começa pela agradável cidade de Chimay, que dá nome às cervejas. De todas desse tour trapista, a que mais vale perder umas horinhas pra visitar seu centrinho. Pena que não conseguimos visitar o castelo de Chimay, que estava fechado.

Numas das praças da cidade, um antigo tanque de fermentação de Chimay

Com relação à abadia, em si, que fica bem fora da cidade, quase na fronteira com a França (tanto que a melhor hospedagem que achamos foi na cidade francesa de Mauberges), são duas coisas diferentes.

Como era, anos e anos atrás...

Primeiro, a parte, digamos, monástica, onde fica a abadia, a igreja, jardins lindíssimos e que podem ser visitados. Inclusive, das 11h às 12h dá pra presenciar uma linda missa cantada pelos monges beneditinos. Chegamos nos últimos 15 minutos, mas já valeu a pena.

Na cidade, o pessoal sabe o que atrai a gente.

Voltando pela estradinha, uns 500m da abadia, fica o Espace Chimay, o centro de visitação da cerveja. Chegando, você dá de frente com a lojinha, que vende as cervejas, os – já sabe... – queijos e toda sorte de acessórios; de copos ao meu atual chaveiro-abridor. Pra direita, uma rápida exposição, toda modernosa, multimídia, com vídeos, objetos e demais coisas variando entre fabricação de cerveja e a história de Chimay. Uma visita de meia horinha, bem bacana e cujo ingresso ainda inclui uma cervejinha.

Um mundo de Chimay!

Pra esquerda, um agradabilíssimo restaurante, o Auberge de Ponteaupré, tanto na parte interna quanto na externa, que é ideal para um dia ensolarado. Comida excelente e todas as Chimay para seu deleite, incluindo um recipiente especial para degustar pequenas doses de todas as Chimay.

O Menu Degustação.

Dentre os tipos, temos as famosas bleu, blanc et rouge e mais uma, a Dorée, uma cerveja ale bem leve (4,8%) que só é servida no restaurante, não é vendida fora. Reza a lenda que essa é a cerveja de dia a dia dos monges de Chimay.

Conhecida com Cinq Cents, a Blanc (chamada, em inglês, pelo imaginativo nome de White) nada tem com a Wit Bier / Biére Blanche belga. Nada mais é que uma Tripel, como muitas de suas irmãs. Ainda na tradição trapista de ter também as Dubbel, a Chimay apresenta a vermelha (rouge) como Dubbel tradicional  e a Bleue (precisa dizer que é a azul?) como a Dubbel “reserva”, refermentada na garrafa e com vários anos de tempo de prateleira.

E aí? Vida chata?

Uma das visitas mais completas e agradáveis, onde não teve aquela sensação de estar faltando algo.


7- Rochefort

Gostaria de ter mais o que falar sobre Rochefort, mas não vai rolar. Já sabíamos que lá não existe nada pra ver, a abadia é fechada, não tem bar, loja nem nada que possa interessar a um turista cervejeiro. Pra não falar que não tem nada, dá pra entrar na igreja, mas garanto que não é nada que valha se abalar a ir a Rochefort.

Heading to Rochefort in style...

Fomos apenas para falar que estivemos lá e porque não era muito fora da rota entre Chimay e Orval. Mas, para demais visitantes não sou eu que vou recomendar aqui.

Rochefort vista de fora

Degustamos belas Rochefort 6 e 10, essa tida por alguns como a melhor cerveja fabricada neste planeta, num agradável bar perto do centro. Também compramos um kit de copo e cerveja no Tourist Information da cidade, mas apenas porque nosso pequeno objetivo deste tour era ter os 7 copos das trapistas comprados no lugar. Pode parecer bobagem, mas deixa nóis, pô!

Uma ó-te-ma Rochefort 6 servida à perfeição

Aguardem o capítulo final dessa saga! Qual o melhor roteiro? Updates das outras? Qual score final de cada uma? Como assim, 10 trapistas?


10 novembro 2012

Quanto custa morar fora


Essa é uma das perguntas que mais nos fizemos antes de vir pra cá e que mais nos fazem, agora que estamos aqui. É muito caro morar aí? Mais caro que no Brasil?

Bem, não é uma resposta simples, pois essa questão de custo de vida varia muito de família pra família, o que é prioridade, o que se está acostumado a fazer e onde se gasta a grana. Há coisas mais baratas, há coisas mais caras e a soma vai depender de como cada um monta sua planilha de custos.
Mas, para ajudar, vamos falar um pouco de cada coisa.

MITO – pra fazer a conta do custo de vida, tem que pegar mais ou menos 1 euro pra 1 real, sem fazer o câmbio, apenas pelo poder de compra

Mito total. Se quiser comparar, tem que fazer o câmbio pra ver como é em cada país. Não sei se essa afirmação já foi verdade, mas o custo de vida no Brasil subiu muito e é perfeitamente comparável ao daqui em termos de poder compra.


MORADIA

Apesar da alta grande que os imóveis tiveram no Brasil, nos últimos anos, o preço dos imóveis na Holanda são maiores. Até porque, estamos falando de um país minúsculo que você cruza em menos tempo do que dará uma volta no RodoAnel, se ficar pronto um dia. Com menos terra, ela é mais cara, óbvio. Fora isso, muitos imóveis são antigos, muitas zonas tombadas, de forma que o que tem é o que está lá.
Mas, o custo geral de moradia aqui pode ser mais baixo ou similar. Como assim? Bom, temos que colocar três coisas em perspectiva:

- O custo do aluguel é proporcionalmente mais barato. Como muitos imóveis são antigos, não há a necessidade de retorno rápido do investimento. Assim, boa parte da população vive de aluguel.

- A coisa é mais cara em regiões e cidades mais nobres, comparadas pau a pau. O problema é que morar em regiões menos privilegiadas de cidades como Rio e São Paulo traz uma série de custos extras, desgastes e desvantagens. Aqui, morar “um pouco pior” não é problema quase nenhum, dada a segurança e facilidade de locomoção.

- No Brasil há custos acessórios de IPTU e, principalmente, condomínio que encarecem demais a conta Moradia. Aqui, nem sei se há imposto similar (só se estiver somado ao aluguel, já) e o que se paga de condomínio, mesmo em prédios, é ridiculamente menor. No nosso prédio, que é grande, tem apenas um zelador em meio período pra cuidar de tudo, incluindo limpeza, e nada de piscina, academia, quadra, playground e todas essas coisas subutilizadas no Brasil. A parte de lazer é pública. Isso que a maioria mora em casa e sem necessidade de pagar vigilante noturno.
Somando tudo, ainda mais considerando morar de aluguel, a conta é similar. Morando no centrão de uma cidade média, pagamos o mesmo que pagaríamos no Brasil por um apartamento do mesmo padrão em SP, num bairro secundário (nada de Vila Nova, Itaim ou Jardins, mas coisa boa, vai...)


MERCADO

Essa é uma conta que favorece mais o Brasil. Produtos in natura são razoavelmente mais caros aqui, com menor variedade e diversidade. Estou falando de frutas, legumes, carnes, essas coisas. Não são tantas frutas e coisas que são baratinhas no Brasil, como limão e banana, aqui são bem caras. Mamão, nem tem.
Produtos industrializados, em geral, batem pau a pau no preço. O que faz muita diferença pros lados de cá são os importados. Coisas como vinho, azeite e tudo que costuma vir de fora pro Brasil, aqui é ridiculamente mais barato. Agora, também não são tantos itens assim na cesta.

PRODUTOS
Difícil englobar tanta coisa num único item, mas diria que aqui é mais vantagem, especialmente se compararmos o que é consumido por pessoas de classe A e B, onde já nos acostumamos ser extorquidos no Brasil.

Eletrônico é ridículo, não dá pra começar a comparar. Aqui pode não ser Miami, mas pagamos bem metade do preço das coisas no Brasil. Roupas, se falarmos nas coisas de marca, a diferença é gritante, pois o brasileiro adora pagar caro por coisa chique. Sem ser de marca dá pra comprar coisa de muito boa qualidade e bem mais variedade aqui, talvez mais caras, mas que acabam compensando. Só sapato que o Brasil ganha fácil.

Mas, tem uma coisa importante: liquidação, aqui, é liquidação de verdade. Outlet, aqui, é outlet de verdade. Nada daquele migué de aumentar o preço em 20% e dar desconto de 25% que vemos nos shoppings brasileiros. Quando se fala em liquidar aqui (uitverkoop, alles moet weg, e op=op são as palavras mágicas), é coisa de 50%, 60%, 70% de verdade, tanto que costumam deixar o preço original na mercadoria e apenas a etiqueta do % de desconto por cima. Isso sem falar nas grandes queimas de fim de estação.
Lembro da primeira vez que fomos a Roermond, um mega outlet, uns 45 minutos daqui, na fronteira com a Alemanha. Saí de lá com uma porrada de sacolas e a Carol estranhou: “nossa, nunca vi você comprar tanta coisa”. O problema é que no Brasil eu não comprava nada, pois me recusava pagar R$ 150 numa camisa social, por exemplo. Naquele dia, comprei  4 – de excelente qualidade – por menos que isso.
Simples, se tiver paciência e um pouco de conhecimento, a possibilidade de se economizar aqui é bem maior.


SERVIÇOS

Qualquer serviço que depende de mão de obra pouco especializada, pode contar que aqui é bem mais caro. Desde manicure a montagem de móveis, estamos falando muitas vezes de dobro ou triplo. Ou mais.
Agora, existe a adaptação. No Brasil tínhamos a Santa Diana que trabalhava duas vezes por semana em casa, fazendo tudo: lavar, passar, arrumar, cozinhar,... aqui, temos a Vikki. Se fôssemos pagar pra ela trabalhar dois dias inteiros, iríamos à falência. Aqui, num apartamento maior que tínhamos no Brasil, temos apenas uma pessoa trabalhando 4 horas por semana, por um pouco menos na soma que pagávamos por dois dias no Brasil. O que ela faz em 4 horas? Passa roupa, limpa banheiro, troca a roupa de cama e passa um pano na casa. Só, o resto é com a gente. Adaptação.

A Carol fazia as unhas toda semana no Brasil. Aqui, a coisa é 4 vezes mais cara e o serviço bem mais meia boca. Resultado: vai à manicure aqui a cada 3 meses, o resto faz ela própria em casa. Adaptação.
Essas coisas de casa, aqui é tudo Faça Você Mesmo. Instalar o carpete de madeira, pintar a parede, montar os móveis da Ikea, fazer o carreto de um sofá, essas coisas que no Brasil se contrata qualquer Zé por 50 ou 100 reais pra fazer, aqui vai o salário do mês. Então, todo mundo se vira nos 30. Adaptação.

Reflexo disso é que muitos serviços que estamos acostumados no Brasil, aqui, nem existem. Por exemplo: lavagem de carro. Aquela lavagem bonitinha, com balde e esponja, com o carinha passando silicone no painel e pneu pretinho, esquece, veio! Aqui é lavagem na máquina (tá certo que umas puuuuta máquinas show de bola) e tchau. Tem uns boxes com uns mega aspiradores que , se quiser, você vai lá e aspira a porcaria que você mesmo fez.

Frentista? Manobrista? Vai sonhando. Nem se quiser pagar, você acha.

Um tipo de serviço que é curioso é o restaurante. Aqui não temos opções pra comer tão bem e barato como os Quilos, PFs e Padocas no Brasil; afinal a mão de obra é cara. Comida de dia-a-dia fora de casa é mais cara. Agora, restaurante bom, aqui é mais barato. Não tem aqueles chutes no balde que grandes restaurantes dão nas capitais brasileiras. Pra comparar restaurantes chiques, pra comer camarão, tomar vinho italiano e o escambau, aqui paga-se menos.

Mas, um serviço que aqui vale muito a pena é viagem. Tá, temos o fator “curtas distâncias” que facilita muito, pois em 4h de carro, por exemplo, chegamos a vários países. A holandesada não tem a mesma escala de quem vem de um país grande. Eles não concebem a gente dirigir, por exemplo, 6h até Berlim, que no Brasil é um mero São Paulo-Rio. Fora os pacotes. Saindo da alta temporada, o que se consegue de preços de passagens aéreas e hotéis... várias pechinchas. Dá pra passar uma semana num belo resort na Espanha ou no Egito por 300 ou 400 euros. All Inclusive. Temos as companhias aéreas low fare, mas isso será tema de outro post.


OS NÃO-CUSTOS

Aqui é que a diferença pende demais para o lado europeu: custos que não temos aqui. O mais óbvio é o carro. Para um casal médio, ter dois carros aqui é um exagero; um está mais que de bom tamanho. Com as pequenas distâncias, sem trânsito caótico e um transporte público eficiente, um carro pra dois dá, sem sacrifício.

Pessoas sozinhas, na maioria das vezes, nem possuem carro por aqui. Quando precisam, os aluguéis são muito mais em conta que no Brasil (pagamos por um Mini conversível na Riviera Francesa menos que por um Sandero no Rio de Janeiro), sem contar os sistemas de Car Sharing que há em muitas cidades, onde você pode usar carros por curtos períodos ao longo do mês, pagando uma mensalidade e a quilometragem, apenas.

No caso da Holanda em geral – e de muitas cidades pelo continente – a bicicleta ou as lambretas também quebram um enorme galho. Além de ter ciclovia pra todos os lados, a geografia favorece demais em termos de distância e relevo.

Segurança é outro item que nos preocupamos bem menos. Alguns gastos que temos no Brasil com segurança, são desnecessários aqui: vigia noturno, sistema de vigilância/alarme, valet, porteiros, além de um bom percentual do seguro do carro. Pega o quanto uma pessoa normal gasta por mês só com valet e estacionamento, numa cidade como São Paulo, pra não roubarem seu carro: uma pequena fortuna.


IMPOSTOS

Por fim, o tema mais sensível. Aqui paga-se uma média de Imposto de Renda até um pouco maior que o Brasil, mas não precisa pagar escolas, segurança e tudo mais que o poder público deveria prover. Mesmo saúde, o plano que existe é um misto público-privado, onde cada um paga uma mensalidade de acordo com sua renda. Nós pagamos cerca de € 100, por exemplo, que no Brasil não paga o plano de saúde mais vagabundo. Também não temos o nível de atendimento de um Einstein ou de um Sírio. Mas, muito longe de um SUS.

Impostos sobre carros também são altos, mas os calçamentos de ruas e estradas são impecáveis. E sem pedágios.

Também não há os impostos obscenos sobre serviços públicos, como telefonia e energia, que barateia toda cadeia produtiva. Um plano de celular pra 250 minutos/SMS mais internet ilimitada em todo país e um belo smartphone grátis (2 anos de contrato), sai por meros € 35/mês.


Bom, sem alongar demais, dá pra ter uma ideia, se quiserem vir pra cá, quanto precisa pra viver bem.

24 abril 2012

Roteiro Trapista (2, 3 e 4/7)


Demoramos tanto pra atualizar nossa busca pelas 7 cervejarias trapistas que vamos encavalar 3 num só post: Achel, Westmalle e Orval.


2- Achel           

Bom, Achel já fomos há um tempão, quando o Renato e a Débora estiveram aqui, setembro passado. No post sobre a La Trappe, não sei se notaram, mas lá escrevi que aquela é a única trapista que fica totalmente na Holanda. Sim, porque a Achel fica exatamente sobre a fronteira da Holanda e da Bélgica, aliás, exatamente no ponto onde a Bélgica é mais próxima daqui de casa: exatos 18km. Engraçado, em São Paulo, morava perto do Aeroporto e trabalhava na Marginal Tietê, 22km de distância. Aqui, menos que isso, estamos em outro país.
A Bélgica é logo ali...

Voltando, essa localização da Sint Benedictus Abdij (Achel é a cidade onde fica a Abadia) traz uma história interessante. A produção de cerveja lá remonta ao século XVII, mas a Abadia foi destruída na época da Revolução Francesa. No século XIX, monges de Westmalle reconstruíram a Abadia e em 1852 retomaram a produção cervejeira. Em 1871, tornou-se uma Abadia Trapista, com produção regular.

Os fundos da Abadia, que não está aberta a visitação

A parte interessante foi em 1914, durante a 1ª Guerra Mundial. Os alemães invadiram o mosteiro, durante a ocupação da Bélgica. Porém, não foi feito saque dos suprimentos, uma vez que os monges colocaram tudo do lado holandês da Abadia. A Holanda era neutra na Guerra e diz a lenda que os soldados alemães respeitaram a neutralidade. Mas, uma parte importante da estrutura não podia ser movida: os tanques de fermentação. Dessa forma, em 1917, os alemães levaram embora cerca de 700kg de cobre dos tanques, que virariam armas e munições germânicas.
A entrada da loja

Após a Guerra, o mosteiro retomou as atividades, mas não voltou a fabricar cerveja até 1998, quando contaram novamente com a ajuda de monges vindos de Westmalle e Rochefort para retomarem a produção. Dessa forma, em 2001, a caçula das trapistas chegou ao mercado.

Hoje, a Abadia produz dois tipos básicos de cerveja: a Blonde e a Bruin (em holandês, lê-se Brown, igual inglês), uma clara, outra escura, ambas com 8o. Uma versão draft das duas é feita e vendida no bar da Abadia, essas com 5o. Ambas são as clássicas cervejas tipo Abadia, no caso, Dubbel (Bruin) e Tripel (Blonde), que são os tipos que você mais verá por aqui. A Dubbel é uma cerveja de dupla fermentação, a mais tradicional. A Tripel tem mais adição de lúpulo e é mais frutada. Outra versão especial é a Blonde Extra, que é a Tripel, mas com 9,5o e só em garrafa de 750ml.
Um dos salões do café, não exatamente cheio.

Sobre a Abadia, em si, temos um bar bem amplo, mas longe de ser o que esperamos de uma cervejaria. Por incrível que pareça, as estrelas lá parecem ser os doces e tortas feitas pelos monges e que acabam sendo devoradas com singelos chás e cafés pela terceira idade que lá vai em peso. Mas, claro que vale a pena parar pra experimentar as versões “van der vat”, ou seja, na pressão. Como disse, são mais fracas e podem ser acompanhadas por uma pequena variedade de acepipes como pão com queijo, pão com presunto e os onipresentes bitterballen, bolinhos de carne, que são a sugestão.

A Abadia é também um popular destino pra quem quer passear de bicicleta pelo campo, com paisagens bem bonitas em volta. Talvez por isso o pessoal pare tanto pra um docinho.
Roteiro pra passear pelos arredores

Mas, a grande estrela é a lojinha da Abadia. Parece um mercadinho do interior, inclusive na entrada, você vê sabão em pó, amaciante, essas coisas. Depois, vê vários produtos trapistas de vários cantos, como geléias, queijos e vinhos. Aí sim, depois vem um grande mercado de cerveja. Cervejas belgas de vários cantos, que nada ficam a dever às grandes lojas de Bruxelas, Antuérpia ou Bruges. Uma seleção bem grande, com preços muito bons e, inclusive, uma boa variedade de copos está à venda.
O Lodjinha...

Também há uma hospedaria aberta a visitantes, mas não pense que você vai se hospedar lá pra ficar cachaçando. É uma abadia, caramba! O pessoal se hospeda lá pra rezar e meditar com os monges, não pra fazer orgias cervejísticas.


3- Westmalle

Junto com Rochefort é a mais tradicional cervejaria trapista e a mais influente. Foi em Westmalle que se definiu o tipo de cerveja Dubbel, que é considerada a Trapista clássica, no ano de 1856. Muitas das cervejarias trapistas contaram com consultorias de monges de Westmalle para montar suas próprias cervejas.

Oficialmente chamada de Abdij Onze-Lieve-Vrouw van het Heilig Hart van Jezus (Abadia de Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus), fica próxima a Antuérpia, na cidade de – adivinhem? – Westmalle que, aliás, fica a oeste de Malle. Sério. Mas, infelizmente não há muito o que ver lá. A abadia é fechada à visitação e apenas sobra o Café Trappisten, que fica do outro lado da estrada. O Café, em si, não tem nada de mais. É um restaurantão cheio de mesas que contava com uma média de idade pra lá de avançada. Esses velhinhos... sempre atrás de uma cervejinha!
 Marcando presença

Não tem lojinha propriamente dita, apenas alguns produtos em cima do balcão que você pode chegar lá e comprar. Além de cerveja e copos, alguns livros e especialidades trapistas (geléias, biscoitinhos,...). A não ser que você tenha muito tempo ou tenha feito promessa de conhecer todas as cervejarias trapistas, infelizmente, não recomendamos a visita.
 O Café Trappisten, pronto pro Natal

Sobre as cervejas, temos aqui os mesmos tipos da Achel, claramente de influência Westmallense: Dubbel (escura) e Tripel (clara).



4- Orval

Se Achel fica na fronteira da Bélgica com a Holanda, Orval fica bem na fronteira da Bélgica com a França. E é das mais antigas. As primeiras comunidades monásticas datam de 1070 na região, quando nem Portugal existia, e a primeira igreja é fundada em 1124. Durante os séculos, Orval foi destruída e reconstruída algumas vezes. Em 1252 foi destruída pelo fogo e refeita 100 anos depois. Durante a Guerra dos Trinta Anos, Orval é novamente posta abaixo, no ano de 1637. No século XVII é reconstruída e vira uma comunidade Trapista. Por fim, durante a Revolução Francesa, por conta de terem dado guarida a tropas austríacas, o pessoal queimou tudo novamente, em 1793.
 Como era a Abadia antes dos franceses arrebentarem tudo

O bacana dessa história toda é que a catedral que existia antes da guilhotinagem, está lá, em ruínas. E são ruínas fantásticas, dá pra visitar tudo, passando por uns jardins com estátuas e até um museu que conta a história da abadia. Também tem uma sala com um filme sobre a cervejaria em exibição, mas estávamos sem tempo para ele, pois passamos lá voltando da França e era tarde.
A Abadia nova e as ruínas da antiga Catedral

Esta história de reconstruções é que levou, em 1931, a Abadia a montar sua cervejaria, pois estava atrás de fundos para continuar as obras. Apesar de haver registros de produção de cerveja no local desde o século XVI, tudo foi destruído pelas tropas francesas.
Mais ruínas

Orval vale uma visita, pois é um lugar lindíssimo, mesmo pra quem não está nem aí pra cervejas. Pena que é um lugar fora de mão, longe das rotas turísticas, o que dificulta pra quem tem pouco tempo de Bélgica. 
Agora, ruínas com neve!

Também falta  um café ou um bar pra completar a experiência. Pra  relaxar tomando um produto da abadia local, tem que se valer de algum dos pequenos bares na vila de Orval, próximos à Abadia. Ao menos, há uma lojinha que vende cervejas, copos, queijos, chás e outros produtos trapistas.
A entrada do museu... creepy...

Os monges de lá só fabricam uma variedade de cerveja, a típica Abadia, mais amarga e com mais lúpulo que suas irmãs. Tirando as Westvleteren, que só provei uma e uma vez, é minha favorita entre as trapistas. Mas, gosto é que nem bunda, cada um tem a sua, certo?
 That's all Folks!!!

Seguimos em busca das três restantes: Rochefort, Chimay e Westvleteren!