19 abril 2011

Holanda ou Países Baixos?


Tem diferença, é? Tem.

E qual é o certo, então? Países Baixos.

Por quê? Bom, Simplificando, os Países Baixos são formados por 12 províncias, sendo que apenas duas são a Holanda. Sim, são as províncias mais importantes economicamente, em termos de história, população, mas ainda assim são apenas a Holanda do Norte (Noord Holland – onde está Amsterdam) e Holanda do Sul (Zuid Holland – onde estão Rotterdam e Haia).

Holanda mesmo é só o canto da esquerda

Mas, é interessante ver de onde vem essa bagunça toda. A primeira bagunça é o próprio nome “Países Baixos”. Nederland significa Terra Baixa, numa tradução mais correta para os dias de hoje, afinal os Países Baixos são um país só.

Só que se formos voltar na história, a formação original foi como “Países”, mesmo. Na Alta Idade Média começaram a se formar Condados e Ducados na região, que ficavam sob o guarda chuvas do Sacro Império Romano Germânico. A primeira reunião de váriios destes países se deu em 1384, quando faziam parte dos Países Baixos da Borgonha, sob controle do Duque de Borgonha, incluindo partes do que hoje são Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, norte da França e até um naco da Alemanha.

Mas, a denominação de Países Baixos fica mais evidente a partir de 1482 com a união formal das Dezessete Províncias dos Países Baixos sob o domínio dos Habsburgos. Em 1581 é formada a República dos Sete Países Baixos Unidos, uma confederação envolvendo Holanda, Utrecht, Frísia, Groningen, Zelândia (Zeeland), Overijssel e Gelderland.

Tanto se tratavam mesmo de diferentes países sob uma mesma união que os próprios holandeses chamam esta organização de Nederlanden (países baixos, no plural) ao passo que seu país hoje, chamam de Nederland (país baixo ou terra baixa, no singular). Em inglês, modernamente, passaram a chamar esta organização de Low Countries (aí sim, países baixos, literalmente) para diferenciar do atual Netherlands.

Enfim, em português nunca se fez esta diferença e hoje usamos o mesmo Países Baixos histórico, de quando eram vários países e não um só.

Esta é a primeira confusão e você entendeu – espero – porque “Países Baixos”. A outra é por que chamamos de Holanda essa porra toda?

Bom, podemos dar várias razões, mas tem 3 que acho que explicam muito bem:

1- Historicamente a Holanda sempre foi a província (ou país, whatever) mais importante. A idade de ouro deles foi justamente com a República dos Sete Países Baixos, onde dominaram boa parte do comércio mundial e estabeleceram colônias até no Brasil. E nesta época, o mundo tinha contato com os holandeses . Era o pessoal de Amsterdam e Rotterdam que saía pelo mundo, fazia seu comércio, conquistava e se relacionava com outros povos. Embora houvesse a Confederação, as pessoas tratavam mais com os holandeses, mesmo.
A culpa é dela!


2- Eles mesmos ajudaram na confusão. Nos últimos 100 anos uma forte maneira de representação nacional perante outros países se dá por meio dos esportes. E eles ajudaram muito na confusão adotando Holland para torcer por seus times. 

3- Especialmente em português é muito mais fácil falar Holanda! Países Baixos é muito tosco. E a língua e o povo? Sabe como é o certo para nos referirmos ao holandês? Neerlandês! Não dá, né? Ainda que em inglês tem um termo ótimo pra isso: Dutch. Mas, como não temos, garanto que é a primeira e última vez que lerão um “neerlandês” aqui nesse blog. Países Baixos, pode até ser que voltemos a usar, mas vamos seguir chamando de Holanda e de holandês, right?

Por fim, tudo bem que estamos falando em português e para brasileiros aqui, mas fica uma dica. Se vier pros Países Baixos e estiver fora da Holanda (ver mapa acima) não chame o sujeito de holandês. Use o já citado Dutch, se estiver falando em inglês, o que é mais provável. Não chame o país de Holland, sim de Netherlands. Parece bobagem, mas tem gente que se ofende. Eles tem suas birrinhas internas, como em qualquer país, e muitos habitantes de outras provícias usam o termo “Hollander” de maneira até pejorativa.

Um comentário:

  1. Você escreveu acima:
    "Parece bobagem, mas tem gente que se ofende."

    Não é bobagem. Se no Brasil você chamar todo mundo que encontra de "carioca", a primeira coisa que farão será corrigi-lo. Fora do estado do Rio de Janeiro, entenda-se.
    É como chamar um escocês ou galês de "inglês", e não "britânico", ou, no tempo da URSS, um ucraniano de "russo".

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